sexta-feira, 1 de junho de 2012

13 mil camiões por semana

Por Daniel Deusdado


Saem semanalmente 13 mil camiões do país e dezenas de barcos cheios de bens "made in Portugal". Mas regressam cada vez mais vazios.


O mérito desta capacidade de reação é das empresas e dos trabalhadores portugueses e muito pouco do Governo. Mas não é isso que importa. Quando não há estadistas (o caso Relvas revela a dependência ou conivência de Passos Coelho face ao pior do sistema político), um país tem de ser capaz de resolver os seus problemas sem a tutela de políticos de circunstância. 


Infelizmente assistimos todos os dias, no entanto, à declaração do "fim do mundo". Em certo sentido isto acontece agora porque o rendimento per capita dos funcionários de serviços e empresas públicas foi muito afetado e a sua maioria está na Área Metropolitana de Lisboa, apesar do rendimento per capita da região ser 30 a 40% superior à média nacional. E o mesmo se passa com a taxa de desemprego, que é agora mais uniforme a nível nacional e por isso chegou também em força a Lisboa.


Vou quase semanalmente a Lisboa e desde há muito que vinha dizendo aos meus amigos na capital que a situação estava muito dura. Eles ouviam condescendentes, mas não a sentiam de forma evidente. Como se vivêssemos em dois países. Entretanto, desde Janeiro que eles não falam de outra coisa que não seja em crise. Ou seja: bastou as empresas do Estado começarem mesmo a mingar para que as economias mais dependentes dos rendimentos públicos começassem a exigir dinheiro, venha de onde vier - não importa.




É isso que temo na retórica do "crescimento": professores, macroeconomistas, sindicalistas, deputados, talvez até banqueiros a exigirem mais consumo para dinamizar a procura, não querendo saber se ele se reflete em mais ou menos afundamento do país do ponto de vista estrutural. Repito: a única coisa boa que está a acontecer, todos os meses, é a capacidade de exportarmos mais e diminuirmos o défice da balança comercial. Se virarmos agora outra vez para a lógica do consumo que tem por base dívida (do Estado ou dos particulares) nunca mais saímos daqui.~




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