terça-feira, 31 de julho de 2012

Só agora é que viu?


Ricardo Salgado: "Os mercados estão descontrolados"


“Os mercados estão descontrolados”, defendeu Ricardo Salgado, para quem “é fundamental” que a CMVM siga o exemplo dos supervisores espanhol e italiano e proíba o short selling[venda a descoberto], defendeu Ricardo Salgado, pois “quem actua no short selling [venda de um activo ou derivado que não possui, à espera que a cotação cai para o comprar] procura títulos com maior liquidez para reduzir as suas posições com o argumento do contágio da crise do euro”. “O capital está muito concentrado nas mãos de hedge fund e de private equity”, que são os grandes investidores, designadamente, de “divida soberana” e são eles “os verdadeiros manipuladores de mercado” e ao “atacarem um país” colocam pressão sobre os juros da divida [o preço a que um Estado se financia nos mercados]. Daí o conselho aos reguladores, como a CMVM, que devem “estar mais atentos”, embora reconheça ser uma tarefa “difícil” que exige “uma coordenação em termos internacionais”. 


notícia aqui



Este tema já foi abordado aqui

Sou defensor da proibição do short-selling. Um mecanismo que aposta na destruição do valor, muitas vezes sem qualquer razão plausível e controlado pelos grandes tubarões financeiros.

Outra curiosidade é que  uma ação que tenha um valor nominal de 1 € e desvalorize 50% cai para 0,50 € e para recuperar novamente 1 € tem de valorizar 100 %.

Nas empresas, na sociedade, tal como na vida em geral, a criação de valor é sempre mais difícil de executar do que a destruição de valor.

Fica aqui também uma curiosa história, um grande investidor nacional no mercado acionista português cruzou-se com um puto da city de Londres, em passeio por Portugal, que lhe falou que ia "shortar" forte numa determinada ação do PSI 20, uma das mais sólidas. Alguém acredita que este estava apoiado em algum fundamento técnico? A City e Wall Street já há muito tempo que se tornaram uns mercenários financeiros, que estão nem aí para a realidade financeira nem para o mercado real, vivem numa espécie de mundo virtual. 

Havendo muito dinheiro por trás, o short-selling é a coisa mais fácil do mundo para se ganhar dinheiro. Muitas dessas operações são realizadas a descoberto. E sabendo como esse dinheiro é criado do "nada" estas operações só visam atentar contra quem produz e procura criar valor.







Censos




Frase do dia


..."Estado Social pode colapsar antes de 2020"...


Por Medina Carreira, aqui


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Não há estado social que aguente



De 6 em 6 semanas, o número de pessoas atendidas no SNS corresponde à totalidade da população portuguesa. Não há estado social que aguente a isto.





O fantasma do corte dos salários



Quando a Grécia entrou para a zona euro, 90 fábricas operavam num parque industrial desta cidade costeira. Agora apenas 26 estão ativas.

O declínio industrial da planície litorânea no norte da Grécia explica como a moeda comum agravou os problemas econômicos de países do sul da Europa, e mostra por que as cúpulas de emergência de líderes políticos não podem sozinhas resolver a crise de região.

A Grécia, como outros membros da União Europeia que agora precisam de ajuda financeira, lutou para competir no mercado europeu e global à medida que o crédito barato e problemas estruturais inflacionavam os preços e salários mais rápido do que seu leque de produtos pudesse justificar. Agora, sem uma moeda nacional para desvalorizar e tornar suas exportações mais baratas, o país não tem escolha a não ser embarcar numa desgastante "desvalorização interna" que derrubará salários e preços.

"Quando nós nos unimos à Europa, graças à moeda única, muitos pensaram que éramos todos uma única economia", diz Dimitris Petsas, cuja fábrica de roupa íntima é uma das poucas sobreviventes em Komotini. "Nós esquecemos que temos que exportar ativamente para trazer os euros da Alemanha e Europa Central para a Grécia." Em vez disso, disse ele, "os países centrais nos deixaram sem nada".

Petsas está pressionando seus trabalhadores a aceitar reduções salariais de até 30% para ajudar a empresa a cortar custos e revitalizar suas exportações de camisetas e cuecas para a Alemanha, em meio à crescente concorrência da China e da Índia. O problema, diz o empregador de 60 anos, é que "a maioria dos funcionários tem obrigações, hipotecas, empréstimos de carro e se eu pagar menos, eles não poderão sobreviver".

Grécia, Espanha, Portugal e Itália enfrentam o mesmo caminho difícil para a recuperação seguido pela empresa de Petsas. Eles precisam reduzir os salários e os preços, ao mesmo tempo em que trabalham para pagar suas dívidas públicas e privadas.

O novo governo grego está à procura de novos cortes de gastos antes de uma visita de inspetores da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu a Atenas esta semana. Espera-se também que as autoridades anunciem a fusão ou o fechamento de cerca de 20 agências governamentais.

Nas economias desenvolvidas, os salários tendem a cair somente através de uma recessão prolongada e desemprego elevado e, mesmo assim, isso só ocorre muito lentamente. Na Grécia, os protestos contra este empobrecimento gradual levaram o país à beira da ingovernabilidade.

Como se isso não bastasse, quanto mais a renda cai e a economia encolhe em países em crise, menor é a confiança do mercado na sua capacidade de pagar, resultando em um aumento da fuga de capitais dos bancos e dos mercados de títulos de dívida soberana.

Caso a zona do euro termine se desintegrando, a razão mais profunda não será a falta de disciplina fiscal ou tensões políticas. Será porque a adesão ao euro por países em dificuldade, juntamente com a abordagem da Alemanha com relação a sua própria economia, os colocam numa rota de recuperação que alguns economistas consideram ser social, política e financeiramente quase impossível.

Assim, o ônus do ajuste recai principalmente sobre o endividado sul da Europa e trabalhadores como Koutsoula Voula, uma operária de 50 anos que trabalha há 28 na fábrica de Petsas. Seu salário caiu para um nível que mal dá para pagar a hipoteca e ela teme novos cortes. "Quanto mais? Como vou pagar as contas?", pergunta ela, lamentando que "não existe outro emprego".

Koutsoula e o marido, um professor aposentado, cuja pensão foi drasticamente reduzida, têm um plano de contingência: se sua renda continuar a cair, vão vender o imóvel onde moram e passarão a ser agricultores de subsistência no terreno de menos de meio hectare que têm na zona rural perto do mar, onde cultivam tomates e pêssegos e criam coelhos.

As empresas e os sindicatos que lutam contra as reduções salariais na Grécia argumentam que elas reverteriam uma longa espiral inflacionária. Os sindicatos estão ameaçando uma nova onda de greves que pode reacender as grandes manifestações que abalaram a política do país antes das tumultuadas eleições em maio e junho.

Em fevereiro, os principais credores da Grécia, juntos com o FMI e a UE, forçaram o governo a reduzir o salário mínimo nacional em 22% e, no caso dos jovens, até 32%.

O FMI e a UE estavam frustrados pela lentidão com que os salários gregos caíam, embora o desemprego estivesse em torno de 22%. As duras medidas de austeridade reforçaram o apoio dos eleitores aos partidos que se opõem ao rígido resgate internacional.

Como outros trabalhadores de um resort turístico de luxo financeiramente abalado em Porto Carras, na península de Halkidiki, no norte da Grécia, o supervisor de casino Giorgos Toumpas trabalha meio período, porque o negócio vai mal. Sua renda mensal, que costumava ser de 1.200 euros depois de impostos, caiu. "Nós estamos derramando sangue para manter o negócio vivo", lamenta o trabalhador, que é líder sindical dos empregados da indústria do turismo. "Quanto mais sangue eles querem?".

Toumpas acumula vários meses de atraso nos pagamentos da hipoteca, mas disse ao banco que espera pôr tudo em dia neste verão, quando esperava trabalhar mais horas. "O banco concordou", disse ele. "Mas o que mais eles podem fazer? Se eles tomarem todas as casas da Grécia, para quem eles vão vendê-las?". Os novos cortes deixarão a ele e à sua esposa, que é caixa em um dos restaurantes do resort, numa situação ainda mais precária. "Não vejo futuro neste lugar", diz ele.

Os salários na maior parte da economia grega diminuíram um pouco desde o início da recessão no fim de 2008. Mas de acordo com a UE e o FMI, a desvalorização interna tem um longo caminho pela frente antes de a Grécia ser suficientemente competitiva para iniciar uma recuperação liderada pelas exportações.

As estimativas de quanto aos preços devem cair na periferia da zona euro em relação aos membros mais fortes variam. Economistas estimam que Grécia e Portugal enfrentam o maior desafio, enquanto que Espanha e Itália precisam de ajustes menores, mas igualmente dolorosos.

Para Petsas, o fabricante de roupas íntimas, a vida na zona do euro tornou-se uma luta entre os países para ver quem consegue atrair mais euros um do outro.

O fim do crédito fácil significa que os gregos não têm escolha a não ser exportar mais e importar menos. Isso não deixa outra escolha a não ser reduzir os salários, diz ele. "Se quisermos que as nossas fábricas continuem aqui, isso tem que mudar".



artigo publicado aqui







Citação do dia




A vontade alemã

Maioria dos alemães acredita que o país teria a ganhar em estar fora do euro.


notícia aqui



sexta-feira, 27 de julho de 2012

Frase do dia

"Afinal, eles sabem. Apenas não queriam."


Por Pedro Santos Guerreiro, aqui




quinta-feira, 26 de julho de 2012

The special one



Ron Paul (o melhor político da atualidade)

A Câmara dos Representantes aprovou hoje o projecto lei de Ron Paul, que permitirá que investigadores do Congresso realizem uma auditoria completa à Reserva Federal.
Com uma esmagadora votação de 327-98, o projecto de lei segue para o  Senado onde o líder da maioria Harry Reid, democrata de Nevada, tinha já expressado o apoio a uma auditoria — embora não esteja claro se vai arranjar tempo ainda este ano para a legislação.
A aprovação representa o culminar de anos de luta, para os que defendem a auditoria, liderados por Ron Paul.  Paul já tinha dado destaque a este assunto em duas campanhas presidenciais e disse que o projecto de lei é uma oportunidade para Congresso começar a recuperar o dinheiro e poderes bancários instituídos na Constituição, mas que foram delegados ao Fed .
Ben Bernanke, presidente do FED não gostou da possibilidade de tal ampla auditoria, chamando-lhe de “cenário de pesadelo” e disse que vai levar os políticos a reavaliar as suas decisões. (atitude já esperada. E até o pode conseguir usando os velhos métodos).
A oposição no Congresso veio principalmente dos democratas que duvidam que o projecto venha a ser lei — estão preocupados com o envio do sinal aos mercados financeiros, que os legisladores querem intervir em assuntos financeiros. (vale a velha máxima: quem não deve não teme). 

notícia aqui




Citação do dia




Sobre a corrupção

A corrupção é transversal entre o PS/PSD e assim naturalmente uns protegem-se aos outros sendo as instâncias de poder meramente figurativas.

A PJ recolhe a merda, os procuradores cheiram-na e os juízes puxam a descarga e ela desaparece. 

Os media entretêm-se com estes assuntos para estimular audiência como se fosse um circo.

Não gostam? Paciência. É a democracia que alguns escolheram.



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Pânico na Europa



Artigo publicado no Instituto Mises Brasil


Por Gary North,


É a primeira vez em minha carreira que vejo o establishment internacional, algumas vezes chamado de Nova Ordem Mundial, a lidar com uma crise tão grande que sua própria sobrevivência está em risco.  Pela primeira vez, essa gente está assustada.


Não há muitos deles.  Em seu livro Superclass, o autor David Rothkopf estima que haja por volta de apenas 6.000 pessoas no topo da pirâmide do poder mundial.  São maioritariamente homens, e pelo menos um terço deles frequentou as mais prestigiosas universidades americanas.  Os outros frequentaram universidades europeias de comparável qualidade.

A crise na Europa está claramente além de qualquer coisa que esta atual geração da elite governante já vivenciou.  Na última vez que algo parecido a isso desafiou o establishment europeu, a coisa descambou na Segunda Guerra Mundial.

Durante todo o período do pós-guerra, os EUA foram a força dominante no Ocidente.  O governo americano, por meio do Plano Marshall, assinou os cheques que mantiveram os governos europeus solventes, bem como financiou grande parte da OTAN, o sistema de defesa que havia sido criado para conter a expansão da União Soviética.

Mas os EUA hoje não mais estão em posição de socorrer ninguém.  O país tem um enorme déficit comercial e seu governo federal está incorrendo em um trilionário déficit orçamentário.  A Europa já percebeu que, do ponto de vista econômico, terá agora de se virar por conta própria.  Se existem soluções para a crise económica europeia, tais soluções terão de ser concebidas dentro da zona do euro.


Bancos em risco

Hoje, todo o sistema bancário europeu está em risco.  Os bancos, além de estarem altamente alavancados, investiram maciçamente em títulos emitidos por governos que hoje estão tecnicamente insolventes.  Não há nenhuma possibilidade de estes títulos serem quitados algum dia.  Eles não foram concebidos para ser quitados.  Eles foram concebidos para manter os pagadores de impostos de todos os países europeus em estado de permanente servidão em relação ao sistema bancário.

No entanto, em uma completa e inesperada reviravolta, os bancos se encontram hoje cada vez mais dependentes dos governos.  Os governos são hoje os emprestadores de penúltima instância para os bancos comerciais.  O banco central, é claro, é o emprestador de última instância.  Só que, até o momento, o Banco Central Europeu vem  a assumir uma posição neutra.  Ele não quer tomar nenhuma medida para socorrer Grécia, Espanha ou Itália.

Os governos dos PIIGS, que venderam títulos da sua dívida para os bancos dos países ricos da Europa, estão tecnicamente insolventes.  Quando a Grécia der o calote — e ela fará isso —, alguns bancos dos países ricos da Europa terão enormes prejuízos.  Quando a Espanha der o calote — e ela fará isso —, os prejuízos serão ainda maiores.  Quando a Itália der o calote — e ela fará isso —, todo o sistema bancário europeu entrará em colapso. 

Apenas duas coisas podem hoje salvar o sistema bancário europeu: o Banco Central Europeu, que tem o poder de criar dinheiro do nada, e os pagadores de impostos da Alemanha, cujos líderes nacionais são resolutos em seu desejo de expandir o poder da zona do euro por toda a Europa.  Estes políticos estão dispostos a utilizar o dinheiro dos cidadãos alemães com o intuito de ampliar esta consolidação.

Uma corrente de dívidas

O problema é que os governos dos países ricos da Europa não têm dinheiro para servir de emprestadores à Grécia, à Espanha e à Itália.  Estes três países estão hoje a receber dinheiro emprestado a juros até então nunca vistos na Europa em períodos de paz.  A esperança atual é que os governos dos países ricos intervenham e emprestem dinheiro para o governo grego.  O problema é que todos os governos dos países ricos também estão tendo de lidar com a responsabilidade adicional de ser os emprestadores de penúltima instância para os grandes bancos comerciais dentro de suas próprias fronteiras.

Quem irá emprestar dinheiro para os governos dos países ricos da Europa para que estes socorram os governos do sul da Europa?  Quais emprestadores acham que isso seria uma boa ideia?  Às taxas de juros atuais, não muitos.  É por isso que os juros subirão.  Porém, quando as taxas de juros de longo prazo subirem, tal fenômeno irá reduzir o valor presente de todos os títulos em posse dos emprestadores.

Portanto, de um lado, os investidores terão de arrumar dinheiro para emprestar para os governos, e os governos necessitam deste dinheiro para recapitalizar os bancos dentro de suas fronteiras.  Isso nos leva ao próximo problema: para os emprestadores emprestarem dinheiro para um governo, eles têm de tirar esse dinheiro de suas contas bancárias.  O que irá acontecer se seus bancos quebrarem?  Quem irá emprestar dinheiro para os governos?

Sendo assim, nesta corrente de dívidas, de dinheiro fiduciário e crédito, o Banco Central Europeu é o emprestador de última instância.  Ele é o emprestador de última instância porque possui a autoridade legal de criar dinheiro do nada.  Ele pode comprar títulos emitidos pelos governos e pode também emprestar dinheiro aos bancos para que os bancos subsequentemente comprem títulos dos governos.

Ajuste de contas

Todo o sistema político que conhecemos como União Europeia é dependente de um sistema bancário de reservas fracionárias que se expandiu de forma exagerada e que hoje enfrenta um juízo final.  Na realidade, enfrenta dois juízos finais.

Primeiro, haverá um juízo final nos PIIGS quando os correntistas sacarem seu dinheiro.  O segundo juízo final será imposto pelos governos insolventes que já tomaram emprestado centenas de bilhões de euros dos bancos.

A iminência de uma corrida bancária ameaça a capacidade do governo grego de continuar tomando dinheiro emprestado de qualquer pessoa ou entidade.  O governo grego depende do sistema bancário grego para coletar impostos.  Se o sistema bancário grego quebrar, o governo grego quebra.

Neste arranjo, somente o Banco Central Europeu possui a autoridade para salvar o sistema.  Qualquer outra potencial fonte de euros depende em última instância da solvência do sistema bancário europeu.  Se o sistema bancário europeu quebrar, não haverá emprestadores.  E são exatamente os bancos que estão em risco atualmente.

É por isso que todo e qualquer sistema bancário de reservas fracionárias depende, em última instância, do monopólio concedido pelo governo a um banco central.  O banco central é, acima de tudo, o garantidor da solvência dos grandes bancos.  O banco central é o agente económico dos grandes bancos comerciais.  Estes estão hoje na iminência de quebrar.  O alto escalão destes bancos não possui nenhum conhecimento básico de economia.  Eles emprestaram dinheiro para os PIIGS.
Neste cenário, a única maneira de salvar o sistema é arriscar-se a destruí-lo.  A única maneira de salvar o euro é se arriscando a destruí-lo.  E é assim porque há apenas duas maneiras de se salvar os grandes bancos comerciais.  A primeira maneira é pela hiperinflação.  Isso irá permitir que os bancos mantenham suas portas abertas.  Um acentuado aumento da quantidade de dinheiro na economia fará com que os tomadores de empréstimo consigam quitar suas dívidas vendendo um punhado de ativos, o que lhes dará dinheiro suficiente para quitar seus empréstimos.  Mas tudo isso será feito com euros que já não valerão nada.

A segunda maneira de salvar os bancos, que é a que o Banco Central Europeu está tentando fazer, é evitar a hiperinflação mas inflacionar a oferta monetária somente até um ponto que permita que os maiores bancos possam ser salvos.  Isso ocorreria por meio de empréstimos a juros baixos concedidos aos bancos pelo Banco Central Europeu.  Os bancos, por sua vez, para serem capazes de quitar este empréstimo recebido, terão de emprestar este dinheiro a juros maiores — mas será difícil encontrar tomadores de empréstimo ainda solventes e será difícil encontrar muitas pessoas dispostas a se endividar.

Se o Banco Central Europeu adotar esta segunda abordagem, isso irá levar o continente a uma depressão.  O BCE inflacionou.  Os bancos comerciais emprestaram dinheiro para governos insolventes.

  Estes governos irão dar o calote caso haja uma recessão.  Porém, caso se negue a inflacionar ainda mais a oferta monetária, o Banco Central Europeu produzirá uma recessão.  Não há saída.  O boom que o BCE gerou na Europa durante os anos de Greenspan na presidência do Fed estourou nos bancos europeus, exatamente como o boom nos EUA estourou nos bancos americanos.

Não há uma agência governamental responsável por garantir os depósitos do sistema bancário europeu.  Não há nenhum governo que possua os ativos ou a autoridade legal para emprestar para um ou para todos os governos da região.  Não há um sistema fiscal comum, o que significa que todos os governos podem incorrer em vultosos déficits orçamentários.  Sendo assim, em tempos normais, os governos estão em constante concorrência entre si para conseguir dinheiro emprestado para financiar seus déficits.

Portanto, o sistema foi forçado até seu limite.  Os poucos emprestadores remanescentes que ainda possuem capital e que ainda têm dinheiro suficiente em seus bancos para emprestar para governos insolventes estão hoje se recusando a conceder estes empréstimos.  É por isso que a Espanha está a pagar 7,5% para convencer os emprestadores a lhe darem dinheiro.  Emprestadores que caírem nessa irão terminar como os tolos que emprestaram dinheiro para o governo grego antes de 2010.  Eles verão o valor de seus papeis ser dizimado quando os juros espanhóis subirem para os dois dígitos, o que ocorrerá a menos que o Banco Central Europeu intervenha, imprima dinheiro e empreste para o governo espanhol.

Não há dispositivo de proteção

Os líderes do establishment europeu nunca tiveram de lidar com uma crise em escala semelhante a esta.  Eles falam incessantemente sobre a necessidade de se criar dispositivos de proteção.

Mas que tipo de dispositivo de proteção seria capaz de impedir que o calote de um governo se torne um calote de outro governo?  Que dispositivo de proteção pode haver para um grande banco multinacional que acabou de perder metade do valor dos títulos que havia comprado a uma taxa de juros de 3%, agora que os juros foram para 7,5%?  Sempre que a taxa de juros dobra, o valor de mercado dos títulos cai 50%, no mínimo.

Não há dispositivo de proteção.  O sistema financeiro europeu é todo interligado pelo euro.  Todos utilizam a mesma moeda em 17 países.  Todos dependem do mesmo Banco Central, e este banco não está exercendo liderança.  O presidente do banco diz que os governos têm de lidar com os problemas e assumir responsabilidades.  Sempre que ele diz isso, lembro-me de que Ben Bernanke continuamente diz a mesma coisa ao Congresso americano.

Os presidentes dos dois maiores bancos centrais do mundo estão reclamando que os políticos têm de assumir a responsabilidade pela resolução da crise.  Mas isso é exatamente o que os políticos não querem fazer.  Os políticos sempre entenderam que o banco central os socorreria em caso de crise, simplesmente a criar dinheiro e a comprar os títulos da dívida de seus governos.  Esta sempre foi a justificativa pública para a existência de bancos centrais.

Mas os políticos parecem cegos quanto ao real motivo da existência de bancos centrais, a saber: socorrer os grandes bancos comerciais sob sua jurisdição.  E o Banco Central Europeu tem de lidar com um enorme problema: ele tem sob sua jurisdição os maiores bancos de todos os países da zona do euro.  Ele tem de intervir para salvar qualquer grande banco sob sua jurisdição, pois, se não o fizer, haverá corridas bancárias naquele país.

Uma corrida bancária

Depositantes europeus podem ir até seus bancos e transferir seu dinheiro para um banco que esteja em outro país.  Normalmente, eles transferem para um banco alemão.  Legalmente, o banco recebedor pode se recusar a aceitar este novo depósito; mas qual banco ousaria não aceitar novos depósitos?

Qualquer banco que dissesse não mais estaria a aceitar depósitos de algum outro banco iria enviar para a media um sinal de que este outro banco está no limiar da insolvência.  E isso é a última coisa que qualquer banco de um país rico da Europa quer fazer com qualquer banco da Grécia, da Espanha ou da Itália.

O Banco Central Europeu está sentado sobre um barril de pólvora.  O rastilho já foi aceso.  Este rastilho está conectado ao sistema bancário grego.  Se o sistema bancário grego explodir — o que, na prática, significa implodir —, tal fenómeno irá acender outro rastilho.  O outro rastilho leva à Espanha.  Posso estar errado.  Pode haver dois rastilhos, um para a Espanha e o outro, para a Itália.

Não há dispositivo de proteção.  O único dispositivo de proteção seria os bancos dos países ricos se recusarem a aceitar novos depósitos de pessoas que estão fechando suas contas em bancos do sul da Europa.  Mas se as corridas bancárias na Grécia não forem interrompidas, o governo grego irá dar o calote em sua dívida e irá sair da zona do euro.  Ele não terá escolha.  Se seus bancos estão quebrados, como ele conseguirá financiar sua dívida?  Como ele irá coletar impostos?

Já dá pra ver o que está em jogo aqui.  Uma corrida bancária em pequena escala vem ocorrendo há pelo menos um ano na Grécia, e ela agora ameaça se tornar uma corrida bancária em escala total.  Os bancos dos países ricos podem legalmente se recusar a aceitar novos depósitos em euro dos correntistas que estão saindo da Grécia.  Mas todos eles teriam de fazer isso de uma só vez.  Se apenas um ou dois grandes bancos dos países ricos se recusarem a aceitar novos depósitos de gregos, isto irá enviar um sinal para todos os outros gregos: "É melhor vocês tirarem seu dinheiro dos bancos, e rápido!  Coloque-o em um banco de um país rico antes que eles comecem a recusar novos depósitos".  A corrida bancária irá se intensificar.

Como nem todos os bancos estão sob as mesmas leis bancárias, e como nenhuma agência reguladora pode lhes dizer o que fazer, a Europa possui um sistema no qual os correntistas dos PIIGS podem livremente gerar maciças corridas bancárias contra os bancos de seus próprios países, deixando-os na lona.

Não há dispositivo de proteção contra isso.  As corridas bancárias já começaram na Grécia.  Bancos fora da zona do euro podem recusar-se a aceitar novos depósitos, mas os bancos dentro da zona do euro não podem fazer isso sem ameaçar a solvência de todo o sistema bancário.  Adicionalmente, se eles não criarem um dispositivo de proteção, a quebra de bancos da Grécia, da Espanha e da Itália levará seus respectivos governos à insolvência.  E isso, por sua vez, gerará volumosos prejuízos para os bancos dos países ricos da Europa. Tudo está interligado.

Não se encontra uma discussão aprofundada sobre isso na grande media, e por uma boa razão: a grande media teme ser acusada de provocar uma corrida bancária na Grécia.  Todo mundo sabe que uma corrida bancária grega já começou, mas isso não é notícia de capa nos jornais.  Certamente não é uma história a ser coberta nos jornais televisivos.  Nenhuma grande rede de televisão irá falar sobre a corrida bancária grega enquanto esta ainda não estiver em seu estágio terminal.

Logo, as pessoas que gerenciam a nova ordem europeia apenas jazem quietas, impotentes e completamente dependentes das decisões tomadas pelos correntistas dos bancos gregos.  A qualquer momento, uma onda de pânico pode se espalhar por toda a Grécia, e um grande número de depositantes irá fazer fila em frente aos bancos para retirar seu dinheiro.  Se eles sacarem dinheiro vivo, isso irá quebrar o banco local, o qual terá de vender ativos para comprar moeda do Banco Central Europeu a fim de entregar o dinheiro para os seus depositantes.  Este tipo de corrida bancária é péssima para um determinado banco, mas tende a não gerar grandes efeitos sobre todo o sistema bancário porque estas pessoas irão inevitavelmente gastarem o dinheiro que levantaram; e, ao fazerem isso, as empresas que receberem este dinheiro irão tornar a depositá-lo em seus bancos.  

Sendo assim, uma corrida bancária com o objetivo de sacar dinheiro vivo não representa uma enorme ameaça para o sistema bancário grego como um todo.

No entanto, pode também haver uma corrida bancária na forma de transferência eletrónica de dinheiro para fora do país.  E é justamente esta ameaça que todos os bancos gregos estão enfrentando atualmente.  Neste caso, quando os euros saem do sistema bancário grego, eles não voltam a ser depositados no sistema bancário grego.  Eles vão para o sistema bancário de outro país.

Estamos a testemunhar hoje o colapso do sistema bancário grego.  A menos que o Banco Central Europeu intervenha novamente, não haverá um sistema bancário grego até o final deste ano.  Todos os bancos estarão quebrados.

E não há nada que os eurocratas possam fazer a este respeito.  A única agência que tem o poder de interromper todo este processo é o Banco Central Europeu, que pode fazer o que quiser.  Em última instância, ele pode emprestar dinheiro aos bancos gregos aceitando em troca qualquer colateral que estes oferecerem — no caso, majoritariamente títulos emitidos pelo governo grego.

Conclusão

Ângela Merkel pode espernear, gritar e se contorcer até ficar azul.  O fato é que, em última instância, ela não tem poder algum sobre o Banco Central Europeu.  Em última instância, nenhum político tem poder sobre a instituição.  E nenhum político quer realmente ter poder sobre o BCE.  E por que não?  

Porque tal político inevitavelmente seria o responsável por arrumar o dinheiro que o BCE supostamente iria imprimir, mas foi impedido por este político.

É por isso que o BCE irá inflacionar.  O presidente da instituição pode falar o quanto quiser sobre a necessidade de políticos assumirem suas responsabilidades e sustentarem o atual arranjo do euro; porém, no final, ele será o sustentáculo do sistema.  Ele é o sujeito que detém o controle da impressora de dinheiro.  Ele é a única pessoa, junto com seus colegas, que está em posição de manter o sistema solvente.

Não há dispositivo de proteção.  Há apenas a capacidade do Banco Central Europeu de imprimir dinheiro e de emprestá-lo para os bancos comerciais ou diretamente para os governos.  Não importa quais são as regras ou regulamentos vigentes que supostamente proíbem isso.  A coisa terá de ser feita.

No meio de um incêndio, ninguém no poder irá apontar o dedo para o Banco Central Europeu quando este intervir com o intuito de socorrer um governo que esteja prestes a dar o calote em suas dívidas.  

O motivo é claro, ou ao menos para mim parece claro: nenhum político quer ser o responsável por arrumar o dinheiro necessário para socorrer os grandes bancos de seu país — todos os quais estão ameaçados de insolvência por causa dos calotes dos governos da Grécia e da Espanha —, pois isto irá produzir um efeito dominó causado por todos os governos dos PIIGS.


Plano B para a Grécia

Para que Atenas permaneça no euro, poderá ser necessário um segundo desconto na dívida da Grécia, defende um deputado da CDU, Norbert Barthle. Este é o primeiro responsável a admitir a necessidade de uma nova reestruturação da dívida.


notícia aqui




Aqui no blog somos a favor deste tipo de medidas. Preferimos a reestruturação à impressão. E é sempre preferível criar uma onda de choque controlável ao caos imprevisível.


Agora a Grécia que cumpra com o acordo, tal como Portugal.  Portugal cumprindo o acordo pode vir a ter mais tarde 1/3 da sua dívida descontada sem problema algum.












bomba relógio


Descontos já não pagam pensões

Contribuições de trabalhadores e empresas já não chegam para pagar as férias. 
notícia aqui


terça-feira, 24 de julho de 2012

Cenários


Rajoy discute cenários de crise extrema

Um resgate total, a declaração de bancarrota ou a saída do euro têm estado em cima da mesa do Governo de Mariano Rajoy, segundo o jornal "El Confidencial

Face às más notícias vindas da frente da emissão de dívida pelo Tesouro Público nas últimas semanas (incluindo hoje de manhã) e à subida contínua das yields (juros) das obrigações espanholas no mercado secundário, o gabinete de Mariano Rajoy teria em cima da mesa do seu gabinete de crise três cenários: um plano de resgate "total" (e não "sectorial") similar aos realizados para a Grécia, Irlanda e Portugal; a suspensão do pagamento da dívida (um evento de crédito); e a saída do euro, segundo o jornal espanhol "El Confidencial".

Alguns destes cenários extremos são manobras de pressão política sobretudo junto da Alemanha e do Banco Central Europeu (BCE).

primeiro cenário de resgate "total" chutaria a fatura do "apoio" europeu de "até 100 mil milhões" (verba de empréstimos por tranches aprovada no caso do plano sectorial de resgate à banca espanhola, cujo memorando de entendimento é já conhecido) para "mais de 500 mil milhões, um montante exorbitante". Na cascata de contágio seguir-se-ia Itália e uma posição dos países com notação triplo A para a rutura da zona euro.

segundo cenário esgrime a palavra maldita - default (incumprimento). Segundo o "El Confidencial", seria uma forma de pressionar a Alemanha e o BCE. O arrastamento da situação no campo da aplicação de decisões na zona euro torna este cenário como "plausível", apesar de implicar "uma imagem tremendamente negativa do país que faria disparar o prémio de risco para níveis impensáveis". O tempo crítico é agosto e setembro. "Para além" destes meses, o cenário de pesadelo começa.

terceiro cenário é o de saída ou rutura da zona euro. Ou por decisão unilateral espanhola, ou porque a Alemanha e seus aliados o imporiam. "Num primeiro momento teria consequências desastrosas, mas devolveria a autonomia para realizar as nossas políticas e poder sair da crise antes do previsto", é a lógica deste cenário extremo, segundo as fontes ouvidas pelo jornal espanhol.
Luis de Guindos está hoje na Alemanha para conversações com o homólogo alemão, o ministro das Finanças Wolfgang Schauble, e Mariano Rajoy reúne-se com Mário Monti no dia 2 de agosto. Rajoy tem estado em contacto permanente com François Hollande, o presidente francês, segundo "El Confidencial".

Resgate "macio" 

A par do pacote "sectorial" de resgate à banca espanhola (já definido em Memorando de Entendimento), o Governo de Mariano Rajoy pretende pressionar o BCE para reabrir o programa de aquisição de divida no mercado secundário (conhecido por programa SMP), tentando, por essa via, inverter o disparo das yields das obrigações espanholas acima de 7%, e convencer a Alemanha a acordar um "plano de resgate total, mas macio", segundo o jornal espanhol "El Economista".
Este plano adicional que se traduziria em "uma linha de crédito temporária" destinar-se-ia a financiar os 28 mil milhões de euros de dívida espanhola que vencem em outubro e que, aos níveis atuais indicativos no mercado secundário, se tornaria insustentável.

notícia aqui   









O exemplo da multinacional Toyota

Alguns dias atrás nos referimos à Toyota como um bom exemplo de marca global, aqui


Agora temos um exemplo concreto que comprova a sua forma de estar:


Toyota pode evitar despedimentos em França

A Toyota e o grupo Peugeot-Citroen assinaram um acordo de cooperação estratégica de âmbito profundo, que vai muito além da aliança que já tinham para pequenos utilitários. A redução de custos de ambos os lados é o motor do acordo.

Mas do lado do grupo francês há um efeito imediato e notório: com algum jeito negocial por parte do governo e dos sindicatos, é possível travar o plano para despedir 8.000 funcionários da PSA. Philippe Varin, CEO da Pegueot, encontrou-se ontem com o primeiro ministro Jean-Marc Ayrault e consta que foi um diálogo construtivo.

Usar o excesso de produção da Peugeot-Citroen nas fábricas francesas para construir os comerciais ligeiros da Toyota já a partir de 2013 não só faz sentido económico como permitirá a solução de um problema político de alto perfil, já que o governo de François Hollande se opõe frontalmente aos despedimentos.



notícia aqui


É também uma responsabilidade social os consumidores saberem que tipo de escolha fazem quando estão a adquirir determinado produto ou serviço. 









A nação da hiperinflação


1

2

3



Quadro exposição alemã em (GR/ PT)





Na periferia


Alemanha cortou para 40% exposição à Grécia e Portugal


notícia aqui



Os países do sul não tem tarimba para se manterem no euro. A Grécia vai ser em breve a 1ª experiência de saída... 

Os alemães com o tempo que decorre na novela do € estão assim de forma paciente a deixarem de ficar expostos à periferia.

Os países que não demonstrarem competência para gerir orçamentos equilibrados e com a ilusão de mais dívida para o crescimento serão afastados do €.







Guerra ao €

Moody’s coloca Alemanha, Luxemburgo e Holanda sob perspectiva negativa


notícia aqui

A tensão não vai parar de subir. 

A única saída do dólar e da libra é destruir o €.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

domingo, 22 de julho de 2012

Já não assusta


Saída da Grécia do Euro «é possível e já não assusta»


notícia aqui



sábado, 21 de julho de 2012

Leitor louco



Qual dos meus leitores é o louco que faz uma vida de gastar até mais não poder?


Agora o caro leitor deve estar concerteza a pensar, mas isso é uma total aberração, gastar até mais não poder nunca dá bom resultado, não termina bem.


Agora procure explicar isso ao seu governo. O maior louco desta história. A sua carteira agradece.


Não vá em loucuras...





[O] Governo até pode dizer que quanto mais cobrar aos que fogem, mais depressa baixará os impostos aos que pagam. Não é verdade. Quando a DGI começou a apertar a malha à evasão fiscal, com Paulo Macedo, disse-se o mesmo. Mas quase dez anos depois a pressão fiscal está ao nível mais elevado de sempre. Porque a despesa nunca desceu; pelo contrário: quanto mais o Estado arrecadou, mais gastou.