quarta-feira, 6 de junho de 2012

Citação do dia


..."O português não gosta de trabalhar. Se há uma tecnologia que trabalhe por ele, ela que avance. Ele tem coisas mais interessantes para fazer como poeta, do que a trabalhar. (...) O português trabalhou e trabalhou e trabalha sempre que for preciso. O que têm feito os emigrantes pelo mundo? Aonde eles vão e é preciso trabalhar, eles trabalham. (...) O português, dentro de determinadas condições, se a vida lhe fosse inteiramente favorável, ele gostaria muito mais de contemplar e poetar do que trabalhar. Mas quando é levado a uma função em tem que trabalhar, ele trabalha. "...

Agostinho da Silva, in 'Entrevista'

8 comentários:

  1. Caro Vivendi,

    Em 2000 fui obrigado a emigrar! Já na altura havia crise, imagine-se, mas ninguém ligava ou não queriam ligar! Estive em Inglaterra 4 anos e pelo que vi e senti (note-se que conheci pessoas de variadissimas nacionalidades) que eles não diferem em nada de nós (portugueses) no que se refere ao trabalho! Nós não gostamos de trabalhar e "eles" também não. Nós trabalhamos quando é necessário e "eles" também. O que nos distingue é a maneira como encaramos a vida, melhor dizendo, encaravamos! Gostavamos de estar com amigos, familia, sol e às vezes de não fazer "nenhum". "Eles" não!

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    1. Caro anónimo!

      Já havia crise sim. Aliás de certa forma nunca deixamos de estar. Mesmo em qualquer momento económico áureo. O sol português infelizmente nunca foi para todos.

      A grande diferença que eu denoto no trabalho para os países da Europa do Norte é a necessidade que estes tem de acumular reservas por causa do seu inverno violento e austero. Levando estas sociedades para níveis de organização e produtividade maiores.

      Agradeço o seu comentário e visita.

      Cumprimentos.

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  2. Vivendi, muito me agrada que Agostinho da Silva esteja no teu radar. Sabes que esse filósofo/místico é para mim uma referência e um verdadeiro conhecedor da nossa cultura.

    Também ele estava contra a nossa entrada na CEE.
    Há muito que ele conhecia as nossas fragilidades culturais e as nossas permanentes desavenças desde o século XII com a Europa. O namoro não iria dar certo mais uma vez, e não deu...

    Para ele, o protestantismo é organizador, destruidor e delapidador, enquanto que o nosso catolicismo é contemplativo, fraterno e congregador.

    A nossa cultura é a receita para a salvação da humanidade.
    Quão irónico tudo isto é!

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    1. Foste tu que me fizeste correr atrás. E valeu a pena.
      A sua obra e o reconhecimento singular que teve no brasil mostram a grandeza da personagem.

      Fica aqui o link no youtube para quem o quiser conhecer:

      http://www.youtube.com/results?search_query=agostinho+da+silva&page=1

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  3. Pois é, com essa de salvar a humanidade esquecemos os nossos filhos, os nossos velhos, os nossos pobres e ainda ficamos muito admirados, de esta nossa cultura ser tão permeável ao socialismo!

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    1. É o nosso fado Maria! Nem quando as coisas estão bem a coisa corre bem para todos. Mas desistir de ser português é que nunca.

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  4. Um reparo/inspiração à Fernanda Viegas:

    O esquecimento para com os nossos entes queridos ainda está de facto em marcha em Portugal, mas a experiência social e coletiva que estamos a viver dirá que este caminho é uma ilusão. O socialismo ainda só vai em 35 anos.
    Na nossa história de 900 anos, darmos um passo em frente foi muitas vezes seguido de dois passos atrás. Podemos sempre experimentar: somos ainda permeáveis ao socialismo, mas também o fomos à ditadura, à inquisição, à falta de soberania em 1580 e em 2011... às culturas de povos de todo o mundo, aos telemóveis, aos carros, à MEO, etc.
    Somos profundamente ingénuos e crentes de que o outro e tão bom ou melhor do que nós.
    A nossa fraca auto-estima leva-nos a estes comportamentos de uma certa subserviência/respeito para com gentes que qualquer outro europeu desprezaria.
    Mas o que nos faz mesmo diferentes é reagir antes do desequilíbrio romper.

    Aguentamos uns tempos do que não gostamos, mas o nosso espírito libertino obriga-nos a explodir/desabafar e a voltar atrás antes de tempo. Por estarmos sempre a avaliar e a contemplar o que se passa, acabamos por opinar, desabafar e assim corrigir mais cedo fenómenos que poderiam degenerar em grandes revoluções ideológicas. Nazismo e Comunismo em Portugal tá fora de questão.

    É como os tremores de terra: muito tempo sem a terra tremer, significa que quando tremer, será o inferno. Nós aqui estamos diariamente a tremer, mas com muito pouca amplitude, e assim vamos purgando a alma aos bocadinhos.

    Nassim Taleb fala sobre isto mesmo nos mercados de capitais com a história do Cisne Negro:
    É preferível volatilidade constante que evita que asneiras pequeninas se tornem gigantescas do que abafar tudo e deixar crescer o elefante dentro da sala com todos a assobiar para o lado. BCE, FED e B.Japão optaram por deixar o elefante crescer. Deu asneira...

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