sábado, 18 de agosto de 2012

O filão do ouro


A falácia das exportações portuguesas:

Portugal exporta 132 vezes mais ouro do que antes da crise



As exportações portuguesas de ouro explodiram nos últimos cinco anos. No primeiro semestre de 2012, Portugal vendeu para o estrangeiro 132 vezes mais ouro do que nos primeiros seis meses de 2007. Um crescimento que ainda não parece dar sinais de abrandar. O resultado obtido até agora este ano é 83,4% superior face a 2011.
Entre janeiro e junho, as empresas portuguesas exportaram mais de 382 milhões de euros em ouro, segundo o INE. No mesmo período de 2007? Apenas 2,9 milhões. Esse ano, o último antes de rebentar a crise financeira, marcou o início de um aumento exponencial na venda de ouro, com a estreia de um novo mercado de destino – Bélgica – para o qual Portugal não tinha exportado um único euro nos sete anos anteriores. A Bélgica acabaria por se tornar no principal comprador de ouro nacional.
A exportação deste produto é pouco diversificada. As vendas para Bélgica, Itália e Espanha representaram cerca de 95% das exportações. Bélgica destaca-se com 207,7 milhões de euros, seguida pelos 96 milhões de Itália e os 60,4 milhões de Espanha.
O aumento da exportação de ouro não-monetário (que exclui as reservas do Banco de Portugal) coincidiu com uma enorme valorização deste metal nos mercados financeiros, passando de uma cotação de 632 dólares a onça no final de 2006, para valores superiores a 1900 dólares em agosto de 2011. Esta valorização foi acompanhada por um progressivo agravamento da crise financeira, que acabaria por contagiar a economia. Nos últimos dois anos, as famílias têm sofrido consecutivas ondas de austeridade, que limitaram o seu rendimento disponível. O preço mais elevado do ouro tornou-se um incentivo para quem atravessa dificuldades e tem joias em casa se desfazer delas.
E o incentivo não é só monetário. A venda de ouro está hoje muito mais facilitada, com uma explosão de novas lojas em cada esquina, aproveitando a necessidade de liquidez de muitas famílias portuguesas.
Uma fatia de 41% do aumento das exportações no primeiro semestre deveu-se à evolução da venda de ouro e de combustíveis. Produtos cuja sustentabilidade de crescimento é duvidosa. No caso do ouro, as famílias portuguesas, mais tarde ou mais cedo, não terão mais anéis para vender.
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