quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Manifesto Discutir Portugal




Manifesto Discutir Portugal


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Por André Gonçalves,


Caros compatriotas,

como sabeis todos o nosso país atravessa actualmente uma crise gravíssima. As causas dessa crise são múltiplas mas podem ser resumidas a duas: as acções desequilibradas e desordenadas do mundo político, quer quantitativamente quer qualitativamente, e a falta de autonomia da nossa sociedade. 

Nas últimas décadas os nossos dirigentes políticos prometeram-nos mais justiça e bem-estar social, e para garantirem isso distribuíram pensões e apoios sociais, ofereceram ajudas e subsídios económicos, empregarem quer directamente, por via do funcionarismo público ou o sector empresarial estatal, quer indirectamente, por via de obras públicas ou outras encomendas, largas camadas da população activa, e criaram regimes jurídicos excepcionais para proteger sectores apontados como necessitados. Tudo isto teve por consequência estrangular a actividade privada produtiva nacional, seja através da fiscalidade ou da burocracia, e desincentivar o trabalho produtivo pela procura de rendas, sejam elas de âmbito financeiro ou legislativo. 

De igual modo a sociedade portuguesa tem demonstrado uma clara passividade parente a irresponsabilidade e o compadrio dos seus decisores políticos. Pior ainda, largos sectores da nossa sociedade parecem congratularem-se por este tipo de situação, muito provavelmente por lucrarem com ela mesmo que à custa da maioria ou de um nível de vida em geral melhor mas que necessite mais empenho. Esta afirmação não é, infelizmente, algo que corresponde somente a um cenário recente mas sim a algo de histórico. Tradicionalmente o povo português tem demonstrado pouco interesse pelo regime político em vigor, manifestando-se de forma activa apenas quando a independência nacional ou a sua propriedade directa arriscasse ser confiscada sem indemnização possível. Por muito compreensível e louvável que sejam estas razões, temos de reconhecer que a seguir a essas manifestações pouco foi feito para assegurarmo-nos que o nosso país esteja correctamente organizado. Devido a isso as elites nacionais puderam agir praticamente impunemente, confiscando das mais diversas maneiras grande parte do fruto do trabalho dos portugueses, criando regimes de protecção dos mais criativos para institucionalizarem essas diversas formas de extorsão e de limitações da liberdade, e para evitarem a contestação geral distribuíram certas benesses à população para a convencer da necessidade do regime vigente. O período actual não diferiu infelizmente de esta análise, pelo contrário tende a confirmá-la. 


Em todo o caso esta situação originou um país social e territorialmente desigual, empobreceu a maioria dos portugueses quer seja através da redução directa dos seus rendimentos, da destruição do seu emprego ou do estancamento das oportunidades. Sistema duplamente perverso porque consegue a proeza de ter cerca da metade da população dependente do mundo político, uma maneira de pressionar a população a preferir um mal conhecido que arriscar a seguir um bem desconhecido.


Não é de nos admirarmos que este sistema começou a desmoronar-se com a crise de 2009. Esta crise serviu justamente que estávamos a seguir o mau caminho, o caminho do desperdicio, da corrupção, da miséria, da servidão. Até agora houve várias tentativas para corrigir o sistema, mas a sua esmagadora maioria só serviu para o manter vivo, mesmo que artificialmente, mesmo que para isso a esmagadora maioria dos portugueses tivesse que sofrer das mais diversas maneiras a sua existência.

O mundo político português dá a impressão que vai falhar e as consequências imediatamente à vista são nos dadas por uma recente sondagem onde 87% dos inquiridos acham que a democracia não é o melhor, ou o menos pior, dos regimes políticos para Portugal. Tendo em conta esta informação, sabendo que historicamente os períodos de maior prosperidade aconteceram quase sempre durante autoritarismos, em que a população era na sua esmagadora maioria brutalizada pelo menor questionamento por uma pequena elite, que distribuía de forma exclusiva privilégios a certas minorias susceptíveis de garantir a sua permanência no poder, podemos facilmente ficar preocupados com o futuro num sentido mais largo.

O risco de conhecermos a desordem, e no final de surgir outra ditadura, não podem ser descartados visto que em todo caso o Estado português está condenado à falência caso não reveja consideravelmente a sua forma de ser e de se comportar. A questão agora é de saber se estamos condenados à desordem ou se conseguimos resolver os nossos problemas. Obviamente a resposta a esta questão só pode ser positiva, mas cabe a nós de a fornecermos pelas nossas próprias forças. Bem vimos que não podemos contar sobre as nossas elites políticas, bem pelo contrário. É possível que as elites políticas resgatem o Estado do descalabro, mas nada nos garante que construam a seguir um sistema verdadeiramente eficaz, eficiente, justo e livre.

Assim é mais que tempo para a sociedade portuguesa de se levantar e tomar as rédeas do seu destino. A ela de decidir o que quer para o seu futuro e de se responsabilizar pelas suas escolhas. 

É por isso que o Discutir Portugal foi criado.


O Discutir Portugal é por isso um espaço de discussão e de debate, tendo por objectivo formular propostas e medidas concretas, realistas, susceptíveis de serem implementadas com o intuito de libertar o nosso país das misérias que o atormentam há demasiado tempo. 


O Discutir Portugal tem por objectivo transformar Portugal. O nosso objectivo é devolver Portugal aos portugueses, permitir ao nosso povo fazer as suas próprias escolhas, decidir o que quer construir, para quê quer contribuir e o que espera receber em troca do seu trabalho, sendo obviamente tratado em conformidade com os seus esforços.


O Discutir Portugal será por isso um actor activo na cena nacional. A prazo deveremos elaborar um grande plano que apresentará uma renovação completa das estruturas do nosso país, dando-lhes coerência, solidez e sustentabilidade. Esse plano será comunicado a todo o país para que, a defeito de ser aplicado, seja ao menos discutido.

Basta de esperarmos pelos outros, basta de pagarmos pelos outros, basta de sofrermos por causa dos outros, basta de nos lamentarmos, basta de criticarmos constantemente. É tempo de agir, de sermos responsáveis, de tomarmos conta de nós próprios !

Portugal é nosso. Cabe a nós de construirmos o Portugal que desejamos, um Portugal capaz de fornecer aos seus filhos, netos, bisnetos a felicidade que tanto merecem. A felicidade que tanto merecemos !

É por isso que vos convidamos a virem discutir connosco do que deverá ser Portugal, de nos ajudarem a construir um Portugal próspero, orgulhoso, sustentável, solidário, capaz e feliz ! 


Para construir o vosso próprio Portugal !



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