sábado, 28 de janeiro de 2012

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Paulo - Lisboa - Post: Top 10 dos responsáveis pela desgraça de Portugal
http://vivendi-pt.blogspot.com/2011/12/top-10-dos-responsaveis-pela-desgraca.html

Ou a nossa visão do longo prazo se limita ao próximo fim-de-semana e nesse caso, do 1º ao 10º o responsável é o Sócrates (não esquecer o Santana Lopes que em 6 meses de Governo conseguiu a proeza de duplicar o défice e nem consta da lista).

Mas isto não é tão simples. As condições externas são, nos últimos 3 anos, a causa da crise financeira de Portugal. É óbvio que Portugal se encontraria exatamente (mais euro menos euro) na mesma situação qualquer que fosse o Governo (ou o Partido) nos últimos 10 anos.

O subdesenvolvimento estrutural é o que impede o país de se defender de choques financeiros externos como o atual. Baixos níveis de qualificação dos RH, baixa produtividade (que não se consegue aumentar com menos feriados nem com baixos salários), sistemas judicial e administrativo ineficientes, tudo isto pesa na economia e na captação de investimento. E de onde vem o subdesenvolvimento estrutural?

Para não recuar mais do que o século XX tivemos duas grandes oportunidades de apanhar o comboio do desenvolvimento:

- 1ª oportunidade: Depois da II Guerra mundial dá-se o grande desenvolvimento da Europa no pós-guerra com investimento americano através do plano Marshal. Começam os movimentos de descolonização com o exemplo do império britânico que através de inteligentes devoluções de poder às antigas colónias, soube evitar guerras inúteis e manter uma posição privilegiada no mundo através da Commonwealth que ainda hoje tem extrema importância para o Reino Unido. E Portugal? Orgulhosamente só. Não usufruiu do salto de desenvolvimento da Europa ocidental do pós-guerra, manteve teimosamente guerras inúteis nas colónias que conduziram a que o processo de descolonização acabasse por ser de rutura e manteve-se até aos anos 70 com níveis de desenvolvimento humano comparáveis aos dos anos 50. Perdemos o 1º comboio. Responsável? Salazar.

- 2ª oportunidade: Depois do PREC, resultado da rutura com um regime que algemou o país a um modelo de estagnação e de empobrecimento humano, Portugal aproximou-se da Europa com a adesão à C.E.E. Nos anos seguintes o país usufruiu de milhões em fundos ESTRUTURAIS destinados ao desenvolvimento estrutural, a maior parte dos quais entre 1986 e 1996. E o que se fez com esses fundos estruturais? Além de construir auto-estradas,não se modernizou a administração pública, não se modernizou o sistema judicial, não se apostou na qualificação e desenvolvimento humano da sociedade. Fizeram-se cursos de formação profissional com fins eleitoralistas para diminuir as estatísticas do desemprego e distribuir dinheiro pelos jovens, cursos na maioria inúteis e desligados da realidade. Em muitos nem havia a preocupação de selecionar os formandos: as entidades formadoras tinham que cumprir um nº X de formandos para aceder aos subsídios, e como nada era planeado a seleção era inexistente. Assisti pessoalmente a realidades como formandos da área de línguas e literatura a fazerem formação de redes informáticas, com conteúdos de Matemática inacessíveis para eles. É melhor nem falar da agricultura e pescas que como sabemos foi praticamente destruída nestes anos.
Perdemos o 2º comboio. Responsável? Cavaco Silva.

Curiosidades: qualquer dos dois era professor de finanças públicas e supostamente muito bom. Qualquer dos dois demonstrava (um ainda demonstra) visível indaptação comunicacional. O resto é história. Os únicos dois momentos da história do último século Português em que o rumo podia efetivamente ter sido muito diferente, se os líderes tivessem tido outra estatura política e humana, foram estes. Dispenso comentários do tipo "os xuxialistas é que são culpados" ou "então e os da direita não tiveram culpa?" Uma das maiores desgraças que aconteceu a Portugal pós 1974 foi a morte de Sá Carneiro que poderia ter evitado a nefasta influência que o 2º dos visados acima teve e tem no país.

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